Como alinhar a linguagem da nuvem com a linguagem dos negócios?

 A relação entre a linguagem da nuvem e a linguagem dos negócios muitas vezes revela um desalinhamento entre as áreas técnicas e os gestores corporativos. Esse desencontro pode ser um dos maiores obstáculos para uma operação eficaz e uma tomada de decisão estratégica, especialmente em um cenário onde a computação em nuvem está cada vez mais integrada às estratégias de crescimento, inovação e eficiência empresarial.

A Linguagem da Nuvem

Quando falamos em “linguagem da nuvem”, nos referimos ao vocabulário técnico usado por engenheiros, desenvolvedores e profissionais de TI para descrever o funcionamento, os componentes e os serviços envolvidos na computação em nuvem. Esse jargão é amplamente técnico, cobrindo tópicos como:

Instâncias de EC2 (AWS) ou VMs (Azure/GCP): Tipos de servidores virtuais.

Escalabilidade automática: Capacidade de aumentar ou diminuir recursos automaticamente.

Containerização e microserviços: Arquiteturas modulares para maior flexibilidade e resiliência de software.

Redes de entrega de conteúdo (CDNs): Distribuição de conteúdo para otimizar a velocidade.

Modelos de preços sob demanda, reservados ou spot: Diferentes opções de custo para serviços de nuvem.

Esses termos fazem sentido no contexto técnico, mas para os tomadores de decisão, como executivos e gestores de negócios, eles podem parecer incompreensíveis ou, no mínimo, distantes dos objetivos de lucro e crescimento.

A Linguagem dos Negócios

Por outro lado, a linguagem dos negócios é centrada em ROI (Retorno sobre Investimento), redução de custos, crescimento sustentável, inovação, agilidade e tempo de resposta ao mercado. Os líderes de negócios querem saber como a nuvem impacta diretamente as métricas financeiras e o desempenho estratégico. Questões comuns podem incluir:

Quanto estamos gastando em serviços de nuvem e qual o retorno?

Como a nuvem pode ajudar a acelerar o lançamento de novos produtos ou serviços?

Quais são os riscos de segurança e como estamos mitigando esses riscos?

Como a infraestrutura de nuvem se alinha com nossos objetivos de crescimento?

Executivos esperam uma narrativa clara que ligue os investimentos em TI com resultados mensuráveis, como margens de lucro, captação de novos clientes ou eficiência operacional.

O Desafio do Alinhamento

A principal dificuldade está na tradução entre essas duas linguagens. Muitas vezes, os profissionais de TI estão focados nos aspectos técnicos, como o desempenho, a capacidade de escalabilidade e a infraestrutura, enquanto os gestores de negócios estão preocupados com o impacto financeiro, o retorno de investimento e a redução de riscos.

Essa desconexão pode gerar mal-entendidos e, por vezes, impedir a adoção de tecnologias de nuvem de maneira eficiente. A área técnica pode não conseguir justificar adequadamente os custos crescentes ou as complexidades de migração para a nuvem, enquanto os líderes de negócios podem não ver valor imediato nas decisões técnicas que não se traduzem diretamente em resultados financeiros.

Como a Cultura FinOps Ajuda a Conectar as Linguagens

A cultura FinOps surge justamente para preencher essa lacuna entre a linguagem da nuvem e dos negócios. A ideia é transformar a governança financeira da nuvem em um processo colaborativo, onde as equipes técnicas, financeiras e de negócios trabalham juntas para tomar decisões informadas sobre os recursos de nuvem.

Aqui estão algumas formas de como o FinOps conecta essas duas linguagens:

Visibilidade e Transparência: Uma das principais funções do FinOps é fornecer visibilidade clara dos gastos com nuvem, traduzindo dados técnicos (como uso de instâncias ou containers) em informações financeiras acionáveis. As ferramentas de FinOps permitem que as equipes de negócios vejam o impacto direto dos gastos de nuvem em tempo real, facilitando a compreensão do ROI e das economias possíveis.

Responsabilidade Compartilhada: O FinOps promove a ideia de responsabilidade descentralizada. Cada equipe técnica é responsável por seus próprios gastos e otimizações, mas ao mesmo tempo, deve justificar esses gastos em termos de resultados financeiros e de negócios. Isso ajuda a criar um diálogo contínuo entre TI e os líderes empresariais.

Tomada de Decisão Baseada em Dados: Em vez de decisões baseadas em suposições ou apenas na viabilidade técnica, o FinOps permite que as escolhas sejam feitas com base em dados financeiros sólidos. Isso inclui a análise de custos de recursos, previsões de uso futuro e relatórios detalhados que falam tanto para a equipe de TI quanto para os gestores.

Metas Alinhadas: O FinOps ajuda a alinhar as metas técnicas com os objetivos estratégicos do negócio. Por exemplo, ao ajustar a alocação de recursos de nuvem para atender picos de demanda sem comprometer o orçamento, o FinOps garante que as decisões técnicas sejam sempre tomadas com um olhar para os resultados comerciais.

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